domingo, 29 de janeiro de 2012

Texto extraído


A sociedade sustentável, no futuro indefinido, aceitará e respeitará o frágil caráter finito da Terra.

A velha visão defeituosa da realidade é aquela que considera a vida do ser humano como o intervalo de tempo relevante com o qual devemos nos preocupar a pensar nas conseqüências das nossas decisões – muito provavelmente o período de vida ativo – em vez de reconhecer o verdadeiro tempo evolucionário a longo prazo. Essa visão se agarra a idéia de que a Terra foi criada para ser conquistada e dominada pela raça humana, para que tomemos o que quisermos da natureza sem pensar nas outras espécies que dependem da natureza, e até mesmo a englobam, natureza essa da qual também fazemos parte, da qual não somos separados. Aquilo que fazemos à rede da vida, nós fazemos a nós mesmos.

A sociedade sustentável adotará a visão realmente mais longa e colocará os seres humanos no seu relacionamento adequado com a natureza e dentro dela.

A visão antiga e defeituosa da realidade sustenta que a tecnologia, aliada à inteligência humana do hemisfério esquerdo do cérebro, nos conduzirá ao nosso destino sem que tenhamos que lidar com os atributos extrativos agressivos da tecnologia que são parte do problema e sem que valorizemos os atributos da inteligência do hemisfério direito do cérebro que incluem o espírito humano.

A sociedade sustentável se baseará na ascendência das mulheres nos negócios, nas profissões liberais, no governo e na educação.

A tecnologia precisa parar de destruir a verdadeira riqueza das nações causada pela sua natureza extrativa, linear, impelida pelos combustíveis fosseis, agressiva e esbanjadora que se concentra na produtividade do trabalho. Ela se revelou excessivamente capaz de ser grande parte do problema. Ela precisa se tornar uma parte ainda maior da solução.

Na sociedade sustentável, as tecnologias compartilharão diferentes características gerais. Elas serão renováveis, cíclicas, impulsionadas pela energia solar, livres de desperdício, benignas e concentradas na produtividade baseada nos recursos.

A antiga visão defeituosa da realidade sustenta que a Mao invisível do mercado é um corretor honesto. No entanto, o mercado é cego como um morcego quando os preços são desonestos.

Texto extraído

A sociedade sustentável insistirá em ter preços ecologicamente honestos que possibilitarão que um mercado dotado de visão trabalhe em prol da sustentabilidade em vez de contra a ela.

A antiga visão defeituosa da realidade sustenta que aumentar a produtividade do trabalho é o caminho da abundancia para todos quando é obvio que em um mundo no qual a natureza está decrescendo e a população humana está aumentando o caminho da abundancia para todos é aumentar a produtividade dos recursos. Essa é a lógica por trás de todas as iniciativas de reciclagem. Até mesmo os materiais inorgânicos tem uma energia agregada que pode ser resgatada, e um resultado muito importante do aumento da produtividade dos recursos é que ele faz com que as pessoas trabalhem enquanto esse aumento está acontecendo. Digo isso porque, claramente, na essência do desafio enfrentado pela humanidade está a necessidade de retirar as pessoas mais pobres da pobreza opressiva ao mesmo tempo que curamos a terra que já está extremamente danificada.

A sociedade sustentável respeitará os limites da natureza e se inspirará neles para encontrar maneiras inovadoras de conservar os recursos e lidar simultaneamente com a pobreza.

A antiga visão da realidade sustenta que a felicidade é encontrada na abundancia e na riqueza material (os ornamentos da afluência), quando sabemos que a felicidade é mais do que mera acumulação de um numero cada vez maior de coisas. Sabemos que o consumismo não trará a verdadeira felicidade, apesar das mensagens com as quais os nossos filhos (e nós) somos bombardeados por meio da saturação de propaganda.

A sociedade sustentável buscará níveis mais elevados de conscientização e significado transcedente na vida – mais felicidade verdadeira com um menor numero de coisas.

Isso descreve uma civilização nova e sustentável, na qual os impactos ambientais se tornam evanescentemente pequenos e gerações do futuro indefinido nascerão em um mundo habitável. E o que dizer sobre a instituição maior, mais difundida e mais rica da Terra, a que está causando o maior dano¿ como ela pode se tornar um líder na transformação da sociedade¿
A velha e defeituosa visão da realidade agarra-se à convicção de que os negócios existem para ter lucro, quando no fundo sabemos que os negócios tem lucro para existir, e que eles certamente devem existir para um propósito mais elevado. Que CEO realmente espera se erguer um dia diante do seu Criador e falar a respeito do valor do acionista¿ ou da participação no mercado ou da talentosa manipulação de um publico crédulo¿

A sociedade sustentável compreenderá que se feito da maneira correta, os três fatores preponderantes da responsabilidade social corporativa – podem se reunir sob a bandeira da autenticidade para criar um resultado financeiro genuinamente superior e totalmente ético – um caminho melhor para lucros maiores e mais legítimos, um modelo empresarial superior.

A velha e defeituosa visão da realidade sustenta que o ambiente é um subconjunto da economia, a parte da poluição. No nosso novo modo de pensar mais esclarecido, reconhecemos que a economia é a subsidiária da propriedade total do ambiente.

A criança de Amanhã

A Criança de Amanhã
Sem um nome; um rosto invisível,
e sem conhecer o teu tempo ou lugar,
Criança de Amanhã, embora ainda em gestação,
Eu te conheci na manhã da ultima terça-feira,
Um sábio amigo nos apresentou,
E através do reluzente ponto de vista dele,
Pude ver um dia o que tu verás;
Um dia para ti, mas não para mim.
Conhecer-te mudou meu pensamento,
Pois eu nunca suspeitara,
Que talvez as coisa que faço,
Poderiam um dia, de algum modo, ameaçar-te.
Criança de Amanhã, milha filha-filho,
Receio que eu tenha apenas começado
A pensar em ti e no teu bem,
Embora sempre tenha sabido que deveria fazê-lo.
Começarei a avaliar o custo
Do que desperdiço, do que é perdido.
Se acaso eu me esquecer que
Um dia tu também virás viver aqui.

Temos uma escolha a fazer durante a nossa breve visita a este planeta vivo azul e verde. Podemos machucá-lo ou podemos ajudá-lo. No seu caso, a escolha é sua.

RAY C. ANDERSON
Autor de Lições de um Empresário Radical publicado pela editora Cultrix